domingo, 20 de janeiro de 2013

"O Carnaval vai dançar?"


Incrível, mas é pura verdade. O carnaval de São Luís de 2013 “vai dançar” porque o samba atravessou antes de chegar à Avenida. Não por falta de passistas, tamborins e passarela, mas por inexistência de dinheiro para o cachê das brincadeiras. O chamado “carnaval de passarela” está agonizante, porque apenas duas ou três escolas e alguns blocos estão em condições de desfilar sem dinheiro público. O prefeito Edivaldo Holanda resolveu dar outro destino ao pouco dinheiro disponível: levá-lo de ambulância para socorrer os pacientes amontados na emergência dos hospitais de pronto socorro. 

A crise no sistema de saúde municipal é tão séria que bateu à porta da caridade pública com um cardápio de necessidades, que inclui arroz, farinha, feijão, batata e chuchu.Se falta chuchu na cozinha dos hospitais, imagine carne de boi. Muitas prefeituras do interior estão também riscando o carnaval deste ano. Muito dinheiro foi gasto no carnaval do ano eleitoral de 2012, com bandas baianas cobrando até R$ 800 mil. Agora, que não tem eleição em outubro, não tem carnaval. No dia em que o Carnaval passar a ser do povo para o povo, aí sim todos ganham, inclusive erário. 

O maior problema do carnaval tem sido o financiamento irregular de dinheiro público. Enquanto escolas de samba de blocos carnavalescos dependerem de governos e prefeitos para fazer o carnaval, será sempre assim. Quem foi à passarela do Anel Viário assistir aos desfiles das escolas do segundo grupo do ano passado saiu de lá com a sensação de que tudo aquilo não passa de uma autêntica brincadeira de mau gosto – uma homenagem ao desperdício. “Escolas” financiadas que usam até carroça enfeitada de papel crepom, como “alegoria carnavalesca”, nem deveria aparecer na passarela. Convenhamos, esse dinheiro dá para comprar toneladas de frango, chuchu, maxixe, quiabo e vinagreira para a canja dos doentes dos socorrões.


Por Raimundo Borges

E assim será com as festas juninas, aguardem.

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