sábado, 13 de abril de 2013

Prato Salgado.

Prato inflacionado: 80% dos alimentos sofreram aumento no trimestre. Fonte IBGE

Todos concordaram com o argumento de que uma inflação como a dos últimos 12 meses (6,59%), acima do teto da meta oficial, constitui matéria prima para a oposição. Um deles disse: uma escalada inflacionária que tem como vilões a farinha de mandioca (alta de 151,39% em 12 meses), o tomate (122,13%) e a cebola (76,46%) obviamente precisa ser enfrentada com vigor. Outro realçou que sera preciso pressionar o pedal dos juros sem permitir que o PIB evolua de pífio para estacionário. Algo tão complicado quanto retirar cartolas de dentro de coelhos.
As vendas de alimentos e bebidas caíram 2,1% em fevereiro, informou a Abras (Associação Brasileira de Supermercados). O PIB, que subira 1,43% em janeiro, recuou 0,52% em fevereiro, aditou o Banco Central. E a deterioração das expectativas talvez leve a uma elevação da taxa de juros, admitiu o ministro Guido Mantega (Fazenda). A oposição olha para essa cena e se imagina diante da sua hora.
Dilma dispõe de mecanismos para agir. Mas sua ação terá um custo. Qual? Depende da dose do remédio. A presidente reiterou nesta sexta-feira (13) que não cogita puxar para baixo o emprego. O diabo é que a economia, conhecida como “ciência maldita”, por vezes tem mais de maldita do que de ciência. Lida com o real –os apetites humanos— e o abstrato –o valor do trabalho e das coisas. E busca a precisão em meio ao mistério do comportamento humano.
A entressafra está no final e os preços dos alimentos logo cairão, aposta o ministro Mantega. Normalizada a produção, nada assegura que os varejistas irão voltar a praticar os preços anteriores. Ele lapida o argumento: não há chuvas nem trovoadas no setor de serviços. E também nesse nicho a inflação subiu além do razoável.
A exemplo dos búzios, o planejamento econômico do governo está sempre certo. As pessoas é que não fazem o planejado. Em dois anos de Dilma, nem o consumidor respondeu plenamente aos estímulos de compra nem o investidor apostou na produção a contento. O resultado foi um PIB médio mixuruca: 1,8% em 24 meses.
Aferrada às estatísticas de emprego e renda, ainda não alcançadas pela crise, Dilma começa dizer coisas que não fazem nexo. Por exemplo: declarou nesta sexta (12), que a renda média do brasileiro vai dobrar até o ano da graça de 2022. O economista que esteve com ela pondera: para que isso ocorresse, o país precisaria crescer a taxas anuais superiores a 8%. E o Brasil não é a China.
Dissemina-se ao redor de Dilma a impressão de que falta à sua gestão uma marca. A de cuidadora dos pobres se confunde com o legado de Lula. A de faxineira foi para o espaço na última reforma do ministério. Sobra, por ora, uma vaga impressão de que é gestora rígida e eficaz. A inflação, se mal combatida, pode mandar essa fama para o bebeléu.
E pelo visto. Vai.

Nenhum comentário:

Postar um comentário